segunda-feira, dezembro 09, 2002

Sobre o Natal

Enquanto caminha pelas ruas,
Você é bombardeado por uma profusão
De luzes, cores, músicas,
Sorrisos falsos esculpidos em rostos de pedra.
Você encontra alguém que nunca viu
(e provavelmente jamais tornará a ver)
E esta pessoa te diz “Feliz Natal!”, “Feliz Ano Novo!”

Feliz Natal? Feliz Ano Novo?
Quanta hipocrisia...
Como olhar para uma criança que te implora
Um mísero resto de comida e dizer “Feliz Natal!”?
Por acaso você está fazendo algo para que esta criança realmente tenha um feliz natal? O que?
Palavras, são fáceis de serem pronunciadas...
Ações são difíceis de serem feitas...

Confesso: Odeio o Natal! Odeio o Ano Novo! Odeio todas estas festividades hipócritas e mentirosas!
Quantas vezes você já parou, durante a tal da “ceia de natal” e lembrou daqueles
Que são capazes de saírem na porrada para poder comer os restos da sua lata de lixo?
Nunca? Claro, esta realidade não faz parte do “seu mundo”...
Sempre? E o que fez? Continuou comendo? Como consegue isto sem vomitar no seu próprio prato?
“Bem, mas não podemos deixar de viver só porque existem desgraçados no mundo”, dirá você.
Claro que não. Mas como pode o ser humano ser tão desgraçadamente hipócrita a tal ponto?

Já viram uma manada de elefantes? Nem que seja na sua “telinha” mestra? Claro!
Você sabe o que a manada faz quando um de seus membros está doente ou velho?
Mesmo que a manada inteira esteja correndo perigo de um ataque iminente? Foge? Não!
Eles rodeiam aquele membro enfraquecido e o defendem, se preciso, até a morte. Mas não o abandonam...
Se ele não pode procurar seu próprio alimento, a manada divide a sua comida com ele, o alimenta, o protege...
O acalenta, até que ele se restabeleça ou morra.
E o que faz a manada quando isto acontece? Simplesmente dão as costas ao cadáver e vão embora?
Novamente, não!
Levantam suas trombas e, em lamento, emitem altos brados, enquanto lágrimas correm de seus olhos...

E os lobos... O que fazem quando um membro de sua alcatéia está doente ou morre?
A alcatéia inteira sofre com ele,
Chegando mesmo, em caso de morte, a uivar em lamento durante semanas...
Mesmo que seja de uma alcatéia que não a sua...

Mas, nós, seres humanos, somos civilizados e superiores ao resto dos animais.
Podemos comer tranqüilamente enquanto nosso semelhante nos implora um mísero pedaço de pão, nos implora o que sobra do nosso prato.
"Mas as festividades do natal são em comemoração ao nascimento do menino Jesus!", dirão alguns.
Será? Será que Ele concorda que seu aniversário seja comemorado com tanta pompa? Logo Ele que nasceu pobre e numa manjedoura?
Vocês, que comemoram o natal e o ano novo aos berros, como um bando de loucos desvairados, em momento algum estão pensando no tal "sentido do natal".
É claro que vocês têm o direito de comemorarem como quiserem. É um direito que têm. Possuem esta hipocrisia nas veias!
Só não me venham pedir que compartilhe esta podridão com vocês.
A única coisa que tenho vontade é de vomitar em vossos pratos caros, cuspir em suas caras.
É-me inadmissível, como ser humano, olhar nos olhos de um mendigo e dizer-lhe Feliz Natal...
Que porra de natal feliz pode ter um miserável que está esperando que acabemos de comer para poder avançar em nossa lata de lixo, como animais de ruas?
E não me venham com aquelas frases idiotas, “que o importante é a saúde e a felicidade...” “Que dinheiro não traz felicidade...”
A quem estão tentando enganar? Comemoram com a boca cheia, arrotam como porcos que são, e olham com desprezo aos seus semelhantes, que já não têm sequer saliva para preencher a imensidão do vazio de seus estômagos.
Não posso comemorar isto... Não posso compactuar disso... Eu tenho estômago...

APAGUEM ESTA MERDA DE PINHEIRO!
DESLIGUEM ESTA BOSTA DE MERRY CRISTHMAS!
TIREM ESTE SORRISO IMBECÍL DE SUAS CARAS!
Saiam às ruas, olham além de seus umbigos, olhem para as calçadas. Criem coragem e olhem para baixo...
Vê esta criança? Ela só quer um pão... Vê este velho? Ele só quer algo para comer, que não tenha gosto de papelão molhado.
Vê esta mãe, com esta coisa nos braços? Ela só quer um pouco de comida... Esta coisa, é uma criança, igual àquela que você já foi...
A diferença é que você comia quando queria, e ela só pode comer quando VOCÊ quer.
Irônico, não?
Lembre-se que,


Enquanto você engorda,
Se enche de banha,
O mundo tem fome.
Você come tanto, até ter ânsias de vômito.
E o que sobra?
Tantos patês...
Tantas uvas da Argentina...
Vai tudo fora! Vão para os porcos...
Você come como um porco!
E não muito longe,
Crianças procuram no lixo o que comer.

Parem de comer assim!
Coma um pouco desta verdade.
Crua!
Como da realidade.
Ela é amarga,
Sem sal...
Coma!
Eu sei que você não vai gostar.
Conscientizem-se disso, seus leitões burgueses!
Raça onívora!
E divida com alguém, o seu yogurte, sua comida cara...
Milagres estão dentro de cada pessoa.
Multiplique seus patês, suas cerejas...
Podem ter certeza,
Quando todo mundo já estiver saciado,
Ainda sobrarão balaios de bacon podres!
Gostou?
Será Petróleo?